quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Base de dados de Arqueobotânica (2)
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Geoarqueologia - uma tese
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Glossário de dendrocronologia
Embora não seja uma ferramenta recente, para quem não sabe, fica aqui a informação.
O Património Genético Português – a história humana preservada nos genes
À guisa de sugestão natalícia, foi editado pela Gradiva o livro “O Património Genético Português – a história humana preservada nos genes” de Luísa Pereira e Filipa M. Ribeiro. Mais um exemplo de que o género da divulgação científica está em crescimento em Portugal, e que cientistas de topo fazem um esforço por trazer a sua investigação a um público generalista, de forma compreensível a qualquer pessoa interessada.
Esta é uma obra de leitura empolgante e bem redigida. A genética populacional humana é aqui introduzida de forma inteligível (e inteligente) ao leitor menos versado, sem cair em simplismos paternalistas. Os temas abordados, mesmo os que envolvem conceitos mais complexos, são apresentados com clareza e as autoras não caem na tentação de tornar os temas “divertidos”. O texto é sóbrio mas simultaneamente entretém e cativa porque os próprios temas são fascinantes e dispensam artifícios de estilo.
Vários tópicos são discutidos, mas todos têm em comum a explicação de como a genética pode ser usada para perceber o passado humano, desde as origens da espécie até a períodos históricos recentes. Pelo caminho as autoras ilustram bem o modo de funcionamento da investigação científica e até a forma como os cientistas entendem e interagem com os arqueólogos.
Logo no inicio esclarece-se que a genética, ao contrário do que muitas vezes se pensa, demonstra a irracionalidade presente no conceito de raça:
“Ao longo deste livro, vamos usar palavras como «português», «europeu», «escravo», «subsariano», «islâmico», «cristão», «judeu», sem qualquer juízo de valor associado. Aliás, neste ponto a genética forneceu-nos objectivamente as evidências para destronar muitos preconceitos (…) é assim uma tentativa de informar numa linguagem menos técnica mas objectiva para que haja menor possibilidade de mau uso.”(pág. 9).
“(…)deve ficar claro que se e quando a expressão «raça» for utilizada, ela irá representar uma construção social, politica ou cultural e não uma entidade biológica.” (pág. 44).
Numa primeira parte poderá ler-se sobre como os geneticistas usam a informação contida no DNA das populações humanas actuais para esclarecer a origem do homem moderno e para avançar uma data para este evento. Fala-se de como a genética parece dar força ao modelo “out-of-Africa” de evolução do Homo sapiens. É ainda explicada a forma como o DNA mitocondrial e marcadores no cromossoma Y são usados para estudar as grandes migrações humanas no paleolítico. Referem-se Neandertais e a possibilidade destes se terem cruzado com homens modernos. Revê-se o uso da genética no debate entre difusão cultural vs difusão démica para a introdução da agricultura. Mais no campo da antropologia discutem-se as repercussões genéticas das assimetrias de género em diferentes culturas.
Na segunda parte aprende-se sobre o legado genético nos portugueses de variados povos que influenciaram o nosso passado como os migrantes paleolíticos, os primeiros agricultores, escravos oriundos da África Subsariana, os mouros do Norte de África ou os judeus sefarditas. Finalmente aprendemos qual foi a nossa influência genética nos territórios ligados à expansão marítima, como Cabo Verde, Moçambique, Angola, Brasil, Índia, entre outros.
Por abordar ficam outros temas que talvez pudessem ter sido discutidos, como por exemplo se será possível identificar sinais genéticos de outras eventuais migrações mais ou menos bem documentadas, como a dos Iberos, Celtas ou Romanos. O aspecto clínico fica de fora da obra, não sendo mencionado o interessante caso da alta frequência da paramiloidose em algumas localidades Portuguesas do litoral norte (e.g. Póvoa de Varzim) e que se supõe resultarem da forte influência genética de invasores Normandos em comunidades particularmente endogámicas fundadas na Idade Média.
Creio que qualquer leitor encontrará pelo menos um tema novo entre assuntos cativantes raramente abordados anteriormente e que resultam da frutífera carreira de investigação da autora Luísa Pereira, no IPATIMUP. Este livro constitui uma primeira abordagem, bem referenciada, ao passado do ponto de vista biológico. Oferece um contraste inovador com a arqueologia e historiografia clássicas, debruçadas essencialmente em aspectos do foro cultural ou económico.
Duma forma geral “O Património Genético Português – a história humana preservada nos genes” é um “page turner” indispensável em qualquer boa biblioteca caseira.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Base de dados de Arqueobotânica - o exemplo de Maryland
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Arqueopalinologia (2)
domingo, 13 de dezembro de 2009
Ferramentas de Trabalho
A Folding Osteometric Board (design © A. Chamberlain & C. Cox, University of Sheffield)
Materials
- Hardwood, planed/sanded, 2cm thick, c. 9cm wide, in lengths of 32cm, 30cm and 8cm
- Hard- or softwood sliding block, approx. 8cm × 6cm × 4cm
- Hard- or softwood edge piece, approx. 10cm × 3cm × 2cm, with groove (i.e. L-shaped cross section)
- Strip of thin wood or veneer, approx. 9cm × 1cm × 0.5cm
- 60cm stainless steel measuring rule with millimetre graduations, cut into two sections at the 30cm mark
- 75mm brass butt hinge with 15mm brass screws
- 4 × 40mm brass screws
- Impact adhesive suitable for joining wood and metal, e.g. Evostick
The board is constructed of hardwood to avoid warping due to temperature and humidity changes - old furniture from a skip or a charity shop is a useful source of suitable wood. The sliding block materials may be constructed of softwood. The grooved piece, which ensures that the face of the sliding block is kept parallel to the upright, can be cut from the edge of a tongue-and-grooved floorboard. The steel rule should be engraved in millimetres: avoid using a non-engraved aluminium rule which may be inaccurate. A folding 60cm steel rule (e.g. from B&Q) can be dismantled easily by removing the rivet and then trimmed accurately to 0-30cm and 30-60cm lengths.
Construction
- All wood materials must be cut to accurate right angles and checked with a carpenter’s square.
- Join the 32cm and 30cm lengths of wood end-to-end with the hinge positioned on the underside (there is no need to rebate the hinge into the wood) and check that the two sections are aligned when folded and extended.
- Cut a shallow groove as wide as the steel ruler along the midline of the joined sections, deep enough to hold the steel rule with a little extra depth to allow for the glue. This groove can be cut with a router, or by chisel (with care!). Cut the lengths of steel rule to size using a fine hacksaw and file, and glue the sections in place checking that their ends meet flush when the board is extended and that the surface of the rule does not project above the surface of the board. If a non-folding 60cm rule has been cut, remember to allow for the cut width.
- Join the 8cm upright to the free end of the 30cm length with two brass screws, ensuring that it overlaps below the bottom of the 30cm length by approximately 0.5cm to match the thickness of the folded butt hinge. When folded the lengths of the board should be parallel to each other, separated by the folded hinge at one end and by the overlap of the upright board at the other. Check that the upright is truly at right angles to the horizontal lengths and that the end of the steel rule exactly contacts the face of the upright piece.
- Use glue and/or panel pins to attach the thin strip of wood to the underside of the 32cm length, 2cm from the distal end. This should ensure that the board rests horizontally on the table when extended (see Figure).
- Use two brass screws to attach the edge piece at right angles to the bottom face of the sliding block, ensuring that the horizontal surfaces of the blocks are flush and the groove is positioned to run along the edge of the osteometric board. Check that all the angles between the block and the osteometric board are 90º.
- Finish the wood surfaces with beeswax polish to ensure smooth movement of the block over the board. Folded board. The top half is resting on the hinge at one end and on the over-lapping part of the upright at the other. Underside of the sliding block, showing position of edge piece with groove forming a projecting ‘lip’. Extended board, resting on overlapping part of upright at one end, on the hinge, and on the wood strip at other end.
- Finish the wood surfaces with beeswax polish to ensure smooth movement of the block over the board
Folded board. The top half is resting on the hinge at one end and on the over-lapping part of the upright at the other.
Underside of the sliding block, showing position of edge piece with groove forming a projecting ‘lip’.
Extended board, resting on overlapping part of upright at one end, on the hinge, and on the wood strip at other end.
sábado, 12 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Arqueopalinologia
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Conference, Loughborough University, UK, 22nd-23rd April 2010
Call for Papers - Conference, Loughborough University, UK, 22nd-23rd April
2010:
All at Sea? Synergies between past and present coastal processes and ecology
Organisers: Dr D. B. Ryves, Professor N. J. Anderson & Dr P.J. Wood
Coastal zones are dynamic systems. They are high-energy environments
exhibiting rapid spatial and temporal change and are constantly evolving. The
complex interaction of physical processes operating on both short (e.g. tides,
fluvial input of nutrients and sediment) and longer-term timescales (e.g.
climate & sea level change) form the driving force for many of the biological,
chemical and sedimentological processes that occur in these systems. Coastal
zones are unique in their steep gradation of conditions (e.g. salinity) which
produce distinctive ecological communities.
In recent years human impact has seriously altered many of these coastal
systems resulting in issues such as eutrophication, over-exploitation of
resources and pollution catching media attention. Such major anthropogenic
changes make it increasingly difficult to understand the already complex
natural physical processes and ecological changes operating within the coastal
zone. These complex issues must be dealt with before we can begin to use
these archives as palaeo-records for understanding the past, for which they
offer great potential to integrate the independent terrestrial and marine
records of past climatic and environmental change. By understanding the past
in these terms we can provide valuable context for investigating recent and
future change.
This conference aims to address the following questions:
1. How do physical, biological and chemical processes in the coastal zone
impact ecological communities and how do these communities change and
evolve over time?
2. Can we successfully isolate natural environmental change from human
impact in modern and recent coastal systems?
3. How can we most effectively apply complex contemporary ecological
information to improve our interpretation of palaeo-records?
4. How can we integrate complex contemporary ecological data with time-
averaged palaeo-data to improve policy and management of coastal ecological
systems and future predictions under changing climate?
This conference will be composed of four sessions entitled:
1. The contemporary coastal zone: physical, biological and chemical impacts
on ecology.
2. Assessment of the strength of climatic and environmental change
inferences from palaeoecological investigations.
3. Formation of the palaeo-record in high-energy environments: chronology,
taphonomy and diagenesis
4. Integrating contemporary and palaeo datasets from the coastal zone:
synthesis and visions for the future.
Abstract deadline: 31st January 2010
For more information and registration details see:
(http://www.lboro.ac.uk/
allatsealboro@gmail.com
Wood Anatomy of Tree Rings
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Em Flores, Sê Floresiano?
Para aqueles que não estão familiarizados com este achado, é necessário mencionar algumas das características mais fascinantes do fóssil do Homem de Flores. Primeiramente, a sua capacidade craniana está mais perto dos australopitecíneos do que de qualquer homínideo. Isso não seria surpreendente não fosse o facto desta população de Flores ter vivido aí nos últimos 100 mil anos até se extinguir há cerca de 13 mil anos e a data da extinção do último australopitecíneo ter ocorrido há mais de 2 milhões de anos. Em paralelo, a sua estatura diminuta a rondar o metro de altura granjeou-lhes a alcunha de hobbit. Pensa-se que a sua baixa estatura pode estar relacionada com o nanismo insular, um fenómeno documentado em outros mamíferos de Flores e que consiste na redução de tamanho corporal.
Surgiram duas teorias filogenéticas distintas imediatamente a seguir à publicação dos achados. A primeira apontando uma causa patológica para as características físicas observadas e defendendo que o hobbit é na verdade um sapiens moderno, e a segunda defendendo uma nova espécie para o fóssil. As últimas investigações têm reforçado a segunda hipótese determinando que o ombro, o pulso e o pé do Homem de Flores não são semelhantes ao do Homem moderno.
O novo estudo demonstra que os índices cranianos do Homem de Flores se enquadram num grupo constituído por outros hominídeos extintos como o erectus, heidelbergensis e os neanderthalensis (outras duas “espécies” muito discutidas). Um segundo grupo é composto pelos humanos modernos e o terceiro grupo inclui os humanos modernos com microcefalia, uma condição que poderia explicar a reduzida capacidade craniana da população de Flores.
Uma segunda parte do novo estudo produziu um diagrama de dispersão da massa corporal e do índice de massa corporal de duas populações de pigmeus e do LB1. Tal como no primeiro estudo, este demonstrou ser um outlier.
A partir dos seus resultados, os autores rejeitam a hipótese de que o Homem de Flores seja um Homem moderno microcefálico e sugerem duas possibilidades para a sua origem filogenética: 1) tratar-se de um caso de nanismo insular a partir do Homo erectus; ou 2) tratar-se de um caso de migração a partir de África de uma espécie desconhecida ainda mais antiga. Eis a questão, o Homem de Flores sofreu as mesmas pressões ambientais deoutros mamíferos da ilha e reduziu o seu tamanho: tornou-se Floresiano? Ou a sua reduzida estatura era pré-existente à sua chegada à ilha?
A descoberta de outros fósseis desta população e a eventual extracção de ADN mitocondrial poderá esclarecer acerca da verdadeira origem filogenética do hobbit. Lamentavelmente ou não, e tendo como base as problemáticas semelhantes que abundam na Paleoantropologia, novos resultados têm tendência para criar mais perguntas do que respostas. Por falar nisso, gostaríamos de saber algumas das vossas "respostas" para este caso!