Está ainda no prelo o seguinte artigo:
López-Merino, L., Cortizas, A.M., López-Sáez, A. Early agriculture and palaeoenvironmental history in the North of the Iberian Peninsula: a multi-proxy analysis of the Monte Areo mire (Asturias, Spain), Journal of Archaeological Science (2010), doi: 10.1016/j.jas.2010.03.003
A turfeira de Monte Areo localiza-se a 200 metros de altitude, junto a diversos monumentos megalíticos. Este estudo polínico permitiu distinguir diversas zonas polínicas com importância para a compreensão do papel da agricultura na evolução da paisagem da região em questão, o Norte das Astúrias:
Zona MTA-2 (117-64 cm; ca. 8000-5500 cal BP) - Óptimo climático do Holocénico
- Inicio de sequência com aumento de percentagens de Pólen Arbóreo (AP). Seguido de duas fases de diminuição de percentagens de AP. Na primeira, AP diminui 90 a 50%, aumentando a percentagem de Erica (urzes). Segue-se uma recuperação da vegetação arbórea, antes da segunda fase de detrimento de AP, agora associada ao surgimento de pólen de cereal e a indicadores de erosão de solos.
- Nova diminuição de AP, correspondendo a um incremento do polén de cereal (atinge o máximo para toda a sequência - 7,9%). Há novos indicadores de erosão.
- Numa fase inicial há uma recuperação de AP, traduzindo a recuperação do carvalhal. Diminuem os indicadores de erosão. Seguem-se duas fases de detrimento de vegetação arbórea. A primeira corresponde a novo aumento de pólen de cereal (atinge os 5,6%). A segunda coincide com a introdução do Eucalipto, aumento de percentagem de Pinus, mas também com maiores indicadores de fogo e pastorícia. Aumenta significativamente a percentagem de vegetação arbustiva.
Embora não rejeite esta ideia, a verdade é que os dados que os autores citam na sua tabela 3 não parecem corroborar as suas afirmações. As datações directas de cereais parecem apontar não para a primeira metade do V milénio mas sim para a segunda, porventura para o início da segunda. As outras datações (sobre carvão ou ossos), assim retiradas dos seus contextos, sem sequer uma análise sumária, são difíceis de analisar. Outros textos já citados neste blogue em mensagens anteriores mencionam um pouco o problema em torno desta questão.
Este estudo é importante, sem dúvida, sendo especialmente relevante a data, tão antiga, do primeiro pólen de cereal. Esta sequência comprova também algo muito importante, já assumido por diversos autores: a pastorícia é anterior à agricultura nesta região mas não a antecede em tantos séculos quanto muitos pensavam. Por outro lado, os autores pecam por não explorar a relação dos dados paleoambientais desta turfeira com os inúmeros monumentos megalíticos que estão nas suas proximidades. Certamente haveria muito a dizer acerca do assunto.
Este estudo constitui mais um acervo de dados a ter em conta no estudo do Neolítico do Norte peninsular; mais estudos são necessários.
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