quarta-feira, 28 de abril de 2010

Milho


No final de uma apresentação num colóquio, já há uns meses, fui interpelado por uma pessoa do público que me questionou acerca do milho de que havia acabado de falar. Percebi então que a pessoa estava confundida acerca da espécie de que eu falava.

Para esclarecer quaisquer dúvidas, deixo aqui uma nota: o milho de que se fala em estudos arqueobotânicos de jazidas de épocas prévias ao descobrimento do continente americano não é o milho de origem americana que hoje consumimos e que é tão característico do noroeste do país.




São espécies distintas, com características bem diferenciadas, como podem ver nas imagens que acompanham esta mensagem. O milho-miúdo corresponde à espécie Panicum miliaceum L. e o milho painço é a Setaria italica (L.)P.Beauv.. São espécies de origem asiática. O milho americano é Zea mays L.

No que respeita aos vestígios arqueobotânicos, as cariopses do milho de origem asiática são muito diferentes. Os grãos de milho americano todos nós conhecemos bem. Segue uma foto de uma grão carbonizado de milho-miúdo para esclarecer esta questão (repare-se na pequena dimensão dos grãos, usualmente em torno do 1mm). Trata-se de um exemplar do povoado romano de Terronha de Pinhovelo, Macedo de Cavaleiros.

Grão carbonizado de Panicum miliaceum


3 comentários:

  1. Porque é que eu não fico surpreendido por o milho provocar debates tão intensos num congresso?

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  2. Infelizmente, a pessoa em questão fez a pergunta nos corredores, no final do congresso. Digo infelizmente pois outras pessoas poderiam estar também elas equivocadas e assim permaneceram.

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  3. Um apontamento interessantíssimo. Em muita bibliografia de referência sobre o período medieval e moderno os autores confessam as suas dúvidas relativamente à correspondência real das espécies de milho identificadas nos registos escritos (registos anteriores à introdução do milho americano). O conhecimento rigoroso das espécies permitirá reconstituir como maior rigor os índices de produtividade e natureza das dietas praticas nestes períodos históricos.

    r.g.

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