quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Homem moderno já produzia pão há 30 mil anos na Europa

Uma notícia do jornal Público de ontem:


"Há 30 mil anos não havia sal nem fermento na culinária. Por isso, o pão em forma de bolacha era crocante e sem sabor. Uma equipa de investigadores encontrou vestígios em vários sítios arqueológicos na Europa que mostram que este alimento tinha um lugar importante na dieta dos caçadores-recoletores muito antes da existência de agricultura.


“É como um pão achatado, como uma panqueca feita só de água e de farinha”, disse citada pela Reuters Laura Longo, da Universidade de Siena, em Itália, uma dos dez autores do artigo com a descoberta, publicado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. “Faz-se uma espécie de pita e cozinha-se numa pedra quente”, disse. O resultado é um alimento “crocante como uma bolacha, mas sem grande sabor”.

Os investigadores encontraram grãos de amido em pedras com 30 mil anos que serviriam para moer vegetais, na Itália, na Rússia e na República Checa. Antes, tinham sido encontradas pedras de moagem com 20 mil anos em Israel.

As pedras tinham restos de pequenos grãos de vegetais que os cientistas identificaram como sendo de raízes de fetos, e de uma erva chamada deBrachypodium e grãos do género da Thyfa, que são tão nutritivos como os cereais utilizados hoje.

Só durante o neolítico, há cerca de dez mil anos, é que o homem começou a plantar cereais para a alimentação, iniciando a agricultura. Mas os investigadores defendem que a abundância destas plantas seria suficiente para os alimentos fazerem parte da dieta regular 20 mil anos antes.

Um factor importante para a descoberta destes grãos, foi o facto de os investigadores não lavarem as pedras encontradas. A lavagem das pedras dificultou durante muito tempo a descoberta de vestígios vegetais da alimentação, o que fez pensar que a dieta destas populações era feita à base de carne."

Podem ver a noticia aqui.

3 comentários:

  1. De facto, em alguns casos a lavagem pode trazer mais desvantagens que vantagens. Esta história faz-me recordar os tempos de mestrado em Coimbra, em cujas aulas as professoras nos alertavam para o perigo da lavagem excessiva. Tão excessiva que, o tártaro dentário tão difícil de remover em vida, desaparecia miraculosamente após a lavagem de materiais efectuada no laboratório! 

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  2. No caso do estudo de fitólitos é bem conhecido que não se devem lavar, por exemplo, os elementos de mós. Na falta de sementes, os estudos de fitólitos poderão ajudar a compreender melhor para que eram usadas as mós.

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  3. Os mesmos estudos são feitos a partir dos fitólitos presentes no tártaro. encontrei uns artigos interessantes que estão disponíveis gratuitamente na net (cortesia do sistema open access brasileiro, claro!). Aqui ficam os links, se alguém quiser saber mais:

    http://www.mae.usp.br/revista%20do%20mae/REVISTA%2017/TEXTOS/191-210.pdf

    http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-31012008-161121/pt-br.php

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