Acerca da exposição presente no Museu Soares dos Reis, “Transparência, Abel Salazar e o seu tempo, um olhar”, aproveito para fazer um elogio à interdisciplinaridade.
Segundo o folheto da exposição, Abel Salazar foi “médico, cientista, artista plástico, filósofo, ensaísta e professor universitário”. Enfim, um naturalista da primeira metade do século XX. Ouso dizer que a pluralidade de interesses é uma condição essencial para se conseguir manter uma perspectiva e prática interdisciplinar em ciência.
Ainda do folheto retiro a seguinte passagem:
“Aber Salazar foi um experimentalista na arte e na ciência, alguém que usou com mestria várias ferramentas do olhar: o microscópio, com que penetrava nas células e nos seus interstícios fazendo ciência, e os «macroscópios», com que entrava no mundo das pessoas, da sociedade, da política, transmitindo a sua visão interior, o seu olhar sensível e perscrutador sobre as coisas, fazendo arte. Tudo isto era ainda filtrado por um pensamento crítico e filosófico muito próprio, assente em regras que privilegiavam não a linearidade mas a complexidade dos fenómenos”.
Saliento a complementaridade das observações microscópicas e macroscópicas na compreensão dos fenómenos. Em suma, a realidade é bastante complexa e só pode ser apreendida através da análise de diferentes escalas, com recurso a diferentes técnicas. Tratam-se de princípios essenciais para uma prática científica interdisciplinar.
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