Dias depois da apresentação em Coimbra de uma base de dados da informação relativa aos restos humanos recuperados em trabalhos arqueológicos, entrevistámos duas das suas responsáveis para conhecer melhor este projecto. Cidália Duarte e Filipa Neto são ambas Mestres em Antropologia Biológica actualmente em funções no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, IP). A base de dados foi baptizada como Património Osteológico Humano em Portugal (POHP).
Em que consiste o POHP?
É um ramo do próprio Sistema de Informação Endovélico, que gere a informação sobre sítios arqueológicos em Portugal, em todas as suas vertentes – investigação, escavação, valorização, informação sobre responsáveis por trabalhos arqueológicos efectuados em casa sítio, e relatórios elaborados para cada um. O POHP foi desenvolvido para englobar toda a informação que consta dos relatórios de escavação de ossos humanos, nomeadamente dos relatórios de Antropologia.
Quais são as vantagens associadas ao desenvolvimento deste projecto?
A especificidade da Arqueologia Funerária e as exigências da legislação portuguesa geram um volume de informação extremamente útil para a investigação arqueológica e mesmo para a gestão de espólios em museus. A partir do portal do IGESPAR poder-se-á saber onde se encontram depositados ossos humanos provenientes de determinada área geográfica e de determinada época, e em que estado de conservação se encontram.
Que informações específicas são disponibilizadas por esta base de dados?
A POHP armazena e permite relacionar dados sobre Arqueologia Funerária (necrópoles, sepulturas específicas, ossários, etc) e sobre Antropobiologia, quando esses dados existem em relatório – indivíduos, osteobiografias, estado de conservação, local de depósito.
De que forma a comunidade arqueológica portuguesa pode contribuir para um melhor registo dos dados a integrar no POHP?
O ex-IPA e o presente IGESPAR, IP tem pautado por regular o tipo e nível de informação que consta dos relatórios de Antropologia, de forma pedagógica e pedindo aos investigadores para colmatarem, determinadas falhas que possam, eventualmente, existir nos relatórios apresentados. O nível actual de informação fornecida está directamente relacionado com o curso dos trabalhos de campo, actividade que é fiscalizada pelos agentes do IGESPAR nas Extensões Territoriais. O projecto de alteração aio regulamento dos Trabalhos Arqueológicos que se encontra em discussão pública prevê algumas alterações a este nível, prevendo formalmente a incorporação de algumas variáveis sobre Antropologia Funerária e sobre Bioantropologia na fase de elaboração de relatório e na fase de escavação que o procede.
Em que fase se encontra o projecto?
O projecto foi desenvolvido em 2004 do ponto de vista informático; desenharam-se os formulários, as relações entre variáveis para a produção de relatórios/estatísticas a extrair dos dados inseridos. Entretanto, as alterações à orgânica levaram a uma pausa. Desde 8 de Janeiro de 2010 está a ser alimentada com dados específicos de necrópoles recentemente escavadas, e foi apresentada à comunidade no dia 1 de Março (Universidade de Coimbra; Grupo de Estudos em Evolução Humana) à qual se seguirá segunda apresentação na Associação dos arqueólogos Portugueses, a 16 de Março, no Largo do Carmo.
6) Como podemos aceder à base de dados?
A base de dados será aberta ao publico futuramente, em conjunto com o endovélico, através do portal do IGESPAR, IP. Por ora, a sua utilização ainda não é possível por falta de dados inseridos. No terceiro trimestre de 2010, contudo, deve estar disponível .
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