segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os Dinossauros e a Arqueologia


Ontem, durante uma visita à exposição de dinossauros patente no Pavilhão Multiusos de Guimarães não pude deixar de pensar no potencial que a arqueologia tem para este tipo de apresentação ao público e no facto de nada se fazer nesse sentido. É até curioso que tal me tenha ocorrido num contexto que tradicionalmente é confundido com a Arqueologia, o da Paleontologia.

O passado exerce um fascínio muito grande sobre as pessoas. A Arqueologia ainda mais, devido ao efeito (por vezes nefasto) de um imaginário literário e cinematográfico. Não estará na altura de utilizar isso a nosso favor? De modo a divulgar o que é mesmo a Arqueologia e as Arqueociências e divulgar o imenso património que temos. Creio que não temos de ter medo de cair na tendência do espectáculo proporcionado por exposições como esta dos dinossauros. Os idealismos de estarmos a "vender" o património como um espectáculo devem cair, quanto a mim. Afinal, qual o efeito prático deste nosso isolamento? Não temos de cair no ridículo. Há boas formas de fazer as coisas.

Em Biologia existe o conceito de "flag species", as espécies emblemáticas para conservação que concentram em si grande parte do esforço financeiro da conservação animal. Estas têm por vezes um efeito pernicioso de afastar dos grandes círculos financeiros as espécies menos emblemáticas, mas, ao mesmo tempo, colocam a conservação na ordem do dia. Nós temos em Portugal "flag sites" (nem sei se o conceito existe): Monte Mozinho, Conímbriga, Briteiros, Lapedo, Foz Coa, Castelo da Lousa (este é só para provocar!), etc.

Será que aproveitamos suficientemente o património que temos?

4 comentários:

  1. Não, não aproveitamos. Só um reparo: Arqueólogos não tem a espectacularidade e a grandiosidade de um Dinossauro. Isso, só por si, é factor de espanto e curiosidade por parte, principalmente, da miudagem.
    Mas concordo contigo no aspecto em que há, com certeza, melhores formas de divulgar e utilizar o espectáculo Património a nosso favor... Também não esqueçamos que o "lobby" (e a palavra aqui não é pejorativa, aliás, é perfeitamente usual nos Estados Unidos, sem a conotação que normalmente damos...) da paleontologia, nos Estados Unidos, é bastante forte! E, normalmente, este género de espectáculos são de lá importados.

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  2. Em França visitei um parque temático onde tirei fotos com bonecos de neandertais, vi homens a caçar mamutes, vi fazerem fogo, fiz um lançamento com propulsor, entre outras coisas. O parque não era particularmente interessante mas serve de exemplo para algo mais. Há algo mais espectacular do que participar nas actividades do passado?

    De qualquer forma, o espectáculo não é um objectivo, mas um meio para conseguir a divulgação desta nossa ciência e a educação científica ao público em geral. Os parques temáticos não são a única hipótese. Estruturas como o Visionarium também podem indicar outro caminho. Só temos de ser criativos.

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  3. Concordo que não aproveitamos, discordo que a arqueologia tenha menos espectacularidade e grandiosidade que a paleontologia, mesmo (?) perante a miudagem. Num duelo de popularidade entre um dinossauro e uma múmia não sei quem sairia a ganhar…

    A principal diferença reside na divulgação que os nossos colegas paleontólogos sempre fizeram do seu trabalho em relação à divulgação que fazemos do nosso. Se quisermos ampliar um bocadinho a escala, é a diferença entre a popularidade (e eficácia na transmissão da mensagem) dos temas “Ambiente” e “Património Cultural”.

    Razões? Só pode ser incompetência. Nossa, claro.

    Maria José de Almeida

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