Quem ler os estudos de arqueobotânica portugueses, ou sobre contextos portugueses, depara-se com uma multiplicidade de designações que pretendem nomear o mesmo morfotipo de grãos de trigo. É confuso e por isso faço aqui um esclarecimento no que se refere aos trigos de grão nu.
Do ponto de vista da morfologia dos grãos, distinguem-se dois tipos morfológicos de trigo nu. São eles Triticum aestivum/durum e Triticum compactum.
O primeiro refere-se a grãos grandes, com sulco ventral profundo, aspecto inchado e linha dorsal curva (convexa) de forma mais ou menos homogénea. Abordarei este tipo morfológico noutra ocasião, neste blogue.
A designação “Tipo Triticum compactum” refere-se a grãos um pouco mais curtos e arredondados que se distinguem de forma mais ou menos clara dos anteriores. O uso de um tipo morfológico, invés da designação de espécie deve-se ao facto de mais de uma espécie poder apresentar esta morfologia de grãos curtos. Aliás, até os grãos pouco desenvolvidos das espécies compreendidas no tipo T. aestivum/durum poderão apresentar esta morfologia.
A designação “Tipo T. compactum” corresponde ao que S. Jacomet (2006) designa de “stubby grains”.
Nas referências arqueobotânicas portuguesas as designações utilizadas para nomear este morfotipo são as seguintes: Triticum compactum, T. parvicoccum, T. aestivum var. sphaerococcum e “trigo globiforme”. Não sabemos se correspondem à mesma espécie. Sabemos que deverão ser o mesmo tipo morfológico, não sendo possível uma distinção ao nível da espécie. Isto é, são diferentes designações para grãos semelhantes.
Só conhecendo as sinonímias é possível estabelecer comparações.
Referência:
JACOMET, S. (2006) - Identification of cereal remains from archaeological sites. 2ª edição. Disponível em: http://pages.unibas.ch/arch/archbot/pdf/index.html
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